CPI das Bets ouve ex-viciado em apostas online

O empresário André Holanda Rodrigues Rolim, de 40 anos, contou à CPI das Bets que está há quatro anos sem jogar. Mas para isso, a família dele optou pela internação por quatro meses em uma clínica de recuperação para viciados. Em 2021, André era o único paciente com a chamada ludopatia, que já é considerada um transtorno mental. Ele contou que, em seus 20 anos como apostador, sentiu impaciência, isolamento social, agressividade e ideação suicida. Além de ter usado o dinheiro da empresa da família para jogar, perdeu a casa e o carro e ainda contraiu dívidas ao pedir empréstimos para parentes, amigos, bancos e agiotas.
Hoje, o que eu posso fazer é mostrar meu depoimento para dizer até onde eu fui. Pensamentos suicidas, dívidas entre familias, brigas familiares, perda de sociedade com o pai, quase um divórcio. É muito devastador. A preocupação que eu tenho hoje com os jovens principalmente, entrando nesse mundo, tendo essa ilusão de que é uma renda extra, de que é um investimento. Isso muito me assusta. André relatou, ainda, que as próprias plataformas online oferecem passagens aéreas para destinos famosos para quem aposta grandes quantias, como Las Vegas e Punta Del Este.
Ele disse não ter dúvidas de que os algoritmos acompanham a rotina de cada usuário com a oferta de bônus para continuar jogando e não se descastratar. A relatora da CPI, senadora Soraya Thronicke, do Podemos de Mato Grosso do Sul, disse que o depoimento foi emocionante e vai ajudar na formulação de políticas públicas para evitar que mais pessoas se afundem no vício dos jogos online. Obrigada pela coragem de estar aqui. Esse vício é um vício silencioso. Você percebe quando alguém está sob o efeito de ácool ou de droga. Esse vício está agora 24 horas disponível. Estamos fazendo uma mea culpa e precisamos legislar para dimiuir ao máximos os ricos e os danos dssa atividade.
Durante o depoimento, o empresário lamentou a participação de jogadores de futebol e influencers nas publicidades das bets. Para ele, a melhor forma de coibir o vício é acabar com as propagandas, assim como foi feito com o cigarro.