Presença de linhagem rara do zika vírus é monitorada em macacos na Região Metropolitana de Porto Alegre

Linhagem africana é diferente da asiática, que provocou epidemia da doença, há cinco anos.

O Centro Estadual de Vigilância em Saúde e universidades do RS e de Nebraska, nos Estados Unidos, monitoram a presença da linhagem africana do zika vírus, considerada rara, na Região Metropolitana de Porto Alegre.

Um estudo, publicado no fim do mês passado pela Fiocruz Bahia, alertou para a importância de acompanhar a linhagem africana do vírus, diferente da linhagem asiática, que provocou a epidemia de zika em 2015. Como observa a Fiocruz, os brasileiros não têm anticorpos para a zika africana. Além do RS, as amostras foram isoladas no Rio de Janeiro, conforme a entidade.

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Conforme o professor e pesquisador da Feevale Fernando Rosado Spilki, que é um dos participantes da pesquisa, a linhagem africana foi encontrada em Uganda, pouco antes dos anos 1940, e causou poucas infecções em seres humanos, nenhuma delas detectada na América.

A linhagem asiática foi descoberta posteriormente, e acabou provocando a epidemia em 2015, quando o Brasil registrou mais de 3,6 mil casos de síndrome congênita do zika em bebês, com quadros de microcefalia.

No RS, a linhagem africana começou a ser percebida um ano depois. "Em 2016, a gente encontrou pela primeira vez um vírus zika em macacos. Eles tinham lesões em alguns órgãos, fomos analisar e encontramos a linhagem africana", resume o professor.


Mais amostras foram detectadas, sempre em bugios, na região de Itapuã e na Região Metropolitana de Porto Alegre, nos anos de 2017 e 2019.

Amostras da linhagem africana são manipuladas no Laboratório de Microbiologia Celular da Feevale — Foto: Divulgação/Alana Hansen
Amostras da linhagem africana são manipuladas no Laboratório de Microbiologia Celular da Feevale — Foto: Divulgação/Alana Hansen

Não é possível ter certeza de como o vírus veio parar no Rio Grande do Sul, diz o professor. Há uma possibilidade da presença ter relação com o tráfico de animais selvagens.

A forma de transmissão para humanos é semelhante ao que acontece com a linhagem asiática, com o aedes aegypti como vetor da doença. Ele é capaz de picar os macacos e depois, transmiti-los aos humanos.

Porém, os riscos de disseminação, no momento, são baixos, conforme o professor Fernando, devido à vigilância nas regiões com a presença de macacos no RS.

"A gente tem que antever esses eventos, fazendo ecovigilâncias", ressalta. "A própria secretaria fica atenta para o relato de doenças em símios", salienta. "Importante ressaltar que os animais são vítimas do vírus e que devem ser protegidos, não representando perigo para a população humana", afirma o professor.

Em caso de uma futura epidemia da nova linhagem, o controle epidemiológico deve ser o mesmo adotado para os casos de zika asiática. "Do ponto de vista genético são bastante similares, então imaginamos que [o combate] vai ser semelhante", analisa.


O pesquisador ressalta que, caso a população encontre bugios mortos, é necessário informar a Vigilância em Saúde do governo do estado. "No mais, continuar tomando os cuidados pra evitar a presença de mosquitos, desde evitar a proliferação de larvas, até sempre que for adentrar a mata utilizar repelentes", afirma Fernando, que também é presidente da Sociedade Brasileira de Virologia.

Além da Feevale, pesquisadores da UFRGS e da Universidade de Nebraska estão envolvidos na análise das amostras da linhagem africana encontradas no RS.
 

Fonte: G1

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