Voos militares são retomados no aeroporto de Cabul, no Afeganistão
Apenas a retirada de diplomatas e civis está ocorrendo no local, que foi invadido na segunda por multidões desesperadas após o Talibã tomar a capital e voltar ao poder depois de 20 anos.
Os voos de evacuação foram retomados nesta terça-feira (17) no aeroporto internacional de Cabul, no Afeganistão, um dia após cenas de caos e mortes serem registradas no local, durante a fuga desesperada de estrangeiros e afegãos do Talibã.
Os voos civis ainda não foram retomados. Tropas americanas e de outros países tomaram o controle do aeroporto Hamid Karzai, e apenas voos militares para a retirada de diplomatas e civis do país estão ocorrendo no local.
A operação foi suspensa no aeroporto na segunda-feira (16), após milhares de pessoas invadirem o local para tentar fugir do país, depois que o Talibã tomou a capital Cabul e voltou ao poder.
Em meio ao desespero, afegãos tentaram invadir aviões estacionados e se agarraram a aeronaves prestes a decolar.
Um diplomata afirmou à agência de notícias Reuters que pelo menos 12 voos militares decolaram do local. Um avião da força aérea indiana evacuou mais de 170 pessoas, incluindo o embaixador da Índia no Afeganistão, segundo a agência.
A embaixada da França no país disse que um avião militar também decolou do local transportando cidadãos franceses (sem dizer quantos). "A França está implementando os meios necessários para garantir a proteção de nossos compatriotas", informou a embaixada.
O secretário de Relações Exteriores do Reino Unido, Dominic Raab, afirmou à emissora Sky News que a situação está "se estabilizando" no aeroporto. "É extremamente importante, não apenas para a estabilidade para os afegãos, mas criticamente para o nosso esforço de evacuação".
Principal diplomata americano no Afeganistão, o embaixador Ross Wilson, atual encarregado de negócios dos EUA em Cabul, negou relatos que teria deixado o país e disse que está ajudando cidadãos americanos e afegãos.
O presidente americano, Joe Biden, que não havia se manifestado após o Talibã tomar o poder no Afeganistão, fez um pronunciamento na tarde de segunda-feira (16), depois das cenas de caos no aeroporto, e defendeu a decisão de retirar as tropas americanas do país.
"Os EUA não podem participar e morrer em uma guerra em que nem o próprio Afeganistão está disposto a lutar", afirmou Biden (veja no vídeo abaixo).
Talibã de volta ao poder
Pessoas estão tentando deixar o Afeganistão após o Talibã tomar a capital Cabul e voltar ao poder depois de 20 anos. O presidente afegão fugiu do país, e o palácio presidencial foi tomado no domingo (15).
A queda de Cabul ocorreu muito antes do previsto pelos EUA: os serviços de inteligência americanos estimavam que o Talibã chegaria à capital afegã em setembro, com uma possível tomada do poder em novembro.
O Talibã foi retirado do poder em 2001 pelos EUA, que atacaram o Afeganistão em reação ao atentado do 11 de Setembro. O grupo extremista eram acusado de esconder e financiar membros da Al-Qaeda, grupo terrorista comandado por Osama bin Laden e responsável pela queda das Torres Gêmeas.
Em fevereiro de 2020, o então presidente americano, Donald Trump, assinou acordo de paz com o Talibã que previa a retirada total das tropas do Afeganistão até abril deste ano. O atual presidente dos EUA, Joe Biden, manteve o acordo e adiou a saída completa para o fim deste mês.
A maior parte das forças lideradas pelos EUA deixaram o Afeganistão em julho, e o Talibã se aproveitou da retirada e avançou rapidamente pelo país, conquistando todas as províncias e a capital Cabul em menos de duas semanas.
Por G1