Mantendo a tradição: Torcedores voltam a colorir arquibancadas após 500 dias longe dos estádios

A alegria, os gritos de incentivo e o colorido das arquibancadas formado pela concentração de camisas de vários torcedores estão de volta ao Estádio Batistão, após quase 500 dias longe dos estádios. O número de participantes é menor por causa das medidas sanitárias de prevenção ao novo coronavírus (covid-19). O retorno do público as arquibancadas se tornou um alívio para quem busca no futebol uma sensação de pertencimento.

Em setembro, o Governo de Sergipe autorizou a reabertura dos portões dos estádios com a condição de que o torcedor seguisse algumas normas. A medida animou os corações dos admiradores que ansiavam pela vibração de assistir uma partida de perto. Aos 22 anos, o aracajuano e torcedor do Itabaiana, Alexandre Góis, afirma ter orgulho de ser um ceboleiro, maneira como são chamados os apaixonados pelo clube tricolor, principalmente por ter aprendido com o próprio pai.

Em entrevista ao AjuNews, ele conta que apesar da apreensão em acompanhar o corre-corre dos jogadores em campo, poder voltar ao estádio é uma sensação única. “No estádio a gente fica mais apreensivo do que em casa. Porque em casa a gente se distrai com uma coisa ou outra. No estádio não, pois você está vidrado no jogo, acompanhando o corre corre dos jogadores, é bem melhor. É mais ansioso, mas é bem melhor acompanhar”, disse.

No Brasil, o futebol é visto como uma herança familiar, pois a paixão por um time é passada de pais para filhos, entre as gerações. Essa característica marcou a vida da guia de turismo Aline Silva, torcedora do Confiança, único time sergipano a disputar a Série B do Campeonato Brasileiro. Ela conta que o amor pelo futebol nasceu quando ainda era pequena e acompanhava o pai aos jogos.

“A paixão pelo Confiança, e pelo futebol na verdade, tenho desde pequena. Desde pequenininha, quando meu pai ia para o campo, meu pai, meu avô, meu tio, eu sempre ia junto. Então era festa! Era nosso momento de diversão, era ir ao campo assistir o Confiança. Acabou marcando a minha vida, eu acabei me apaixonando mesmo, tomando para mim esse time. E hoje em dia, se eu tiver a oportunidade, se eu puder acompanhar o Confiança eu estou lá, sempre vestindo a camisa, gritando, torcendo e vibrando”, relatou a torcedora do clube proletário.

Para ela, o retorno do público chegou em um bom momento, pois o Dragão está lutando pela permanência no Brasileirão Série B. Com a abertura dos portões, o 12º jogador, formado por mais de 3 mil pessoas reunidas, também entra em campo para ajudar a alavancar o clube. Desde a liberação do público, o desempenho do Confiança mudou, o clube venceu três das cinco partidas disputadas em casa. O que aumenta a força da torcida e dos jogadores do Dragão.

O goleiro Rafael Santos destacou a importância da nação azulina e revelou que mesmo depois do sofrimento do time durante o ano, vê o amor do torcedor novamente fez total diferença. “A volta do nosso torcedor tem sido um gás a mais para nós, aqui dentro do Batistão principalmente. O nosso torcedor tem feito total diferença, nos apoiando. Mesmo o time tendo sofrido tanto esse ano, a gente vê que o amor do torcedor pelo clube tem superado tudo isso, porque deixou tudo de lado e nos apoiou em todos os jogos que estamos fazendo dentro de casa”, disse.

O torcedor azulino, Diego Menezes, também compartilha o mesmo sentimento. Há cerca de oito anos ele adotou o Confiança como time e desde então não deixou de assistir um jogo. Ele diz que poder cruzar os portões dos estádios novamente é indescritível, por ser um momento de lazer depois do período mais pesado da pandemia.

“É mais um lazer depois desse período de pandemia. E poder acompanhar de perto o clube do coração é uma sensação única. É um momento de entretenimento, de compartilhar emoções com a família, com esposa e amigos. É uma sensação incrível, indescritível”, disse.

Em Sergipe, 6.028 morreram em decorrência da covid-19 e 278.485 pessoas testaram positivo para a doença. Apesar do número de infecções ter reduzido após as campanhas de vacinação, as medidas para evitar a proliferação continuam tanto nas ruas e bares, quanto nas arquibancadas.

Entre as medidas para que os torcedores possam ter acesso aos estádios estão a comprovação de recebimento da 1ª e 2ª doses ou a dose única de imunizante contra a Convid-19, ou a apresentação de teste antígeno ou RT-PCR de covid-19 negativo, realizado, no máximo, 72h antes da partida.

Ao mesmo tempo em que existe a sensação de alegria e alívio, há também a preocupação de contrair o vírus responsável pela covid-19. Entretanto, para Diego Menezes, esse receio está presente na vida de toda a população que precisa trabalhar e se relacionar com outras pessoas diariamente.

“A possibilidade de contrair o vírus existe, mas não só no estádio, mas em qualquer lugar. A gente tem que aprender a conviver com esse novo cenário”, finalizou.

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