PRESIDENTE DO CREMESE DENUNCIA HOSPITAL REGIONAL DE LAGARTO POR FALTA DE MÉDICOS
Cirurgiões improvisam e aplicam anestesia em pacientes por meio de videoconferência com especialista na área
O Hospital Regional Monsenhor João Batista de Carvalho Daltro (HRL), no município de Lagarto, recebeu uma denúncia vinda do Conselho Regional de Medicina do Estado de Sergipe (CREMESE), a respeito da falta de médicos anestesiologistas na unidade. Médicos do centro cirúrgico do HRL tiveram de aplicar anestesia em um paciente através de orientações por videoconferência.
O HRL tem histórico de problemas com falta de médicos. Em 2017, o CREMESE identificou essa irregularidade e interditou o Hospital eticamente por ausência de profissionais.
Notificações foram encaminhadas aos responsáveis pela instituição e ao Ministério Público Estadual (MPE), porém, a falta de médico no Hospital persistiu. Com isso, no ano de 2020, um novo processo de interdição ética foi deflagrado, mas foi suspenso por conta do início da pandemia.
Com o crescimento da demanda de atendimentos na unidade ocasionados pelo avanço da Covid-19, a direção do Hospital Regional convocou médicos que haviam sido aprovados no concurso público vigente, mas o chamamento não obteve sucesso, não sendo suficiente para suprir a demanda.
Em entrevista ao programa Juventude Notícias nesta quarta-feira (02), o presidente do CREMESE, Jilvan Pinto Monteiro, deu uma falou sobre o HRL. Jilvan declarou: "120 pessoas passaram no concurso e apenas 2 pessoas ficaram em Lagarto para trabalhar na unidade de saúde."
Sobre a operação realizada por videoconferência, Jilvan declarou que o Conselho não aceita esse tipo de tratamento; o ideal era que o especialista na área estivesse presente na unidade de saúde.
Na entrevista concedida ao Juventude Notícias, Jilvan Pinto contou o caso dopaciente ferido com faca precisou ser atendido com urgência no centro cirúrgico do HRL; os dois médicos presentes na operação não sabiam a dosagem e o modo de aplicar a anestesia. Recorreram a uma medida drástica: ligaram por videoconferência para o anestesista, e ele, os auxiliou a como fazer o procedimento. A cirugia correu bem.
Em janeiro deste ano, feita mais uma fiscalização, o Conselho identificou mais problemas com relação à escala médica. Isso acaba causando restrição de plantões, sobrecarga de pacientes acima da capacidade para atendimento e prejuízo na estrutura do HRL.
De acordo com o presidente do CREMESE, a situação é calamitante.
“A falta de profissionais no atendimento, principalmente no pronto-socorro, pode afetar diretamente a evolução clínica dos pacientes”, afirmou.
Diante da situação preocupante, o CREMESE vai tomar medidas legais necessárias na tentativa de resolver de forma definitiva o problema da falta de médico, que é recorrente.
- Henrique Andrade