Estudantes transformam fibra de coco verde em tijolos e sonham em reconstruir casas de taipa no interior de SE

Foi após uma aula de química sobre sustentabilidade que alunos do Colégio Estadual Prefeito Anfilófio Fernandes Viana, no município de Umbaúba (SE), resolveram fazer tijolos utilizando fibra de coco verde. Após tirar o projeto do papel, a nova meta é substituir o barro de casas de taipa de comunidades vizinhas pelo tijolo sustentável, seis vezes mais resistente que o convencional.

Segundo a pesquisa, o Brasil é o quinto maior produtor mundial de coco, tendo Sergipe como o quarto estado com maior produção. Cerca de 6,7 milhões de toneladas de cascas do fruto são descartadas por ano.

“Falando sobre sustentabilidade, os alunos identificaram que tinha um problema na comunidade em que eles moravam, no povoado Colônia Sergipe, em Indiaroba, porque um vendedor abria em torno de mil cocos por dia e não tinha o que fazer com o material”, disse o professor de química Makel Bruno Oliveira.

Iniciativa de estudantes do Ensino de Jovens e Adultos (EJA), no início deste ano, o projeto foi passado para alunos do ensino médio da mesma escola.

Feito de fibra de coco, cimento e arenoso, os tijolos são produzidos em uma prensa de madeira elaborada por um aluno carpinteiro. Em uma hora é possível fazer cerca de 16 tijolos manualmente. O tempo de cura é de sete dias. Os processos seguiram orientação da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP).

 

Multidisciplinar, o projeto ultrapassou as barreiras da química e passou envolver física, engenharia, matemática, carpintaria, entre outros. “Tivemos que fazer vários testes, como de compressão, durabilidade, absorção de água, acústica, impermeabilização e resistência a incêndios”, explicou o professor.“No teste de resistência e compressão os alunos visitaram o laboratório de Engenharia Civil do Instituto Federal de Sergipe para realizar oito ensaios, teste de densidade, desvios padrão. O teste de variação de temperatura que teve como objetivo principal medir a capacidade de absorver o calor em cada amostra e observar a condução de calor do ambiente externo para, dentro da edificação e o teste de dilatação volumétrica que avalia como o material responde às variações de temperatura e umidade ao longo do tempo”, relatou.

Segundo o grupo, todos os procedimentos comprovaram que os tijolos são aptos para a utilização em paredes de alvenaria e aguardam iniciativas que financiem o projeto para a reconstrução das casas de taipa. Moradores do povoado Colônia Sergipe, que moram em casas de taipa, foram visitados por eles.

 

"Queremos mudar a vida de muitas pessoas, incluindo crianças, que vão poder morar em um ambiente mais seguro, confortável, com maior qualidade de vida, diminuindo a possibilidade de pegar doenças como barbeiro e ter mais segurança, evitando contato com animais como cobras, ratos", disse o aluno Yan Kayk da Cruz Ferreira.

Com o tema ‘Fibra de Cocus nucifera: uma alternativa sustentável na produção de tijolo em solocimento’, o projeto foi apresentado na Feira Brasileira de Colégios de Aplicação e Escolas Técnicas, que este ano ocorreu em Minas Gerais, e está concorrendo para participar da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), em São Paulo (SP), e na MilSet Brasil, em Fortaleza (CE). A primeira viagem foi custeada após participar de um edital da Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação Tecnológica do Estado de Sergipe (Fapitec).

Fonte: G1

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