Análise: Atlético-MG mostra, de novo, ser imbatível quando seus protagonistas resolvem brilhar

Galo encaminhou classificação à semifinal da Copa do Brasil ao vencer o Fluminense, por 2 a 1; resultado é bom, mas poderia ter sido melhor

Na literatura, assim como no futebol, o elemento mais fundamental de uma história, seja ela real ou fictícia, são os personagens. Afinal, são eles quem conduzem, vivenciam, dão vida a uma narrativa. Esses personagens são subdivididos em categorias, a variar pelo grau de importância para o enredo. Protagonistas, coadjuvantes, figurantes, entre outros. Todos são importantes para a história, mas há uma razão para existir tal distinção. E o Atlético-MG é prova disso.

Cuca, com enorme razão, gosta sempre de ressaltar a importância do elenco, do conjunto. Mas o próprio técnico sabe que este Galo de 2021, que até aqui aspira uma temporada histórica, tem duas caras óbvias: Nacho e Hulk. Quando ambos resolvem aparecer inspirados, o torcedor sabe que terá motivos para sorrir.

Foi assim contra o Fluminense, no jogo de ida das quartas de final da Copa do Brasil. Se no primeiro encontro, pelo Brasileirão, Nacho e Hulk tiveram noite apagada, desta vez resolveram mostrar porque são protagonistas, e deram ao Galo a vitória parcial (2 a 1) neste confronto de 180 minutos.

Uma vitória significativa, que encerra um tabu de seis anos sem vencer o rival no Rio de Janeiro e permite ao Atlético jogar pelo empate no Mineirão. Mas, apesar do clima geral de felicidade, a sensação é de que "poderia ter sido melhor", principalmente pelas circunstâncias do jogo. O Galo poderia estar com um pé mais largo nas semifinais.

"Uma pena a gente ter finalizado não tão bem, e de repente ter feito placar maior. Mas nada a reclamar, pelo contrário. Temos que estar felizes com a vitória" (Cuca)

O jogo
Ciente de que uma história nunca é exatamente igual à outra, por mais que os personagens sejam quase os mesmos, Cuca foi a campo com uma estratégia diferente da empregada no empate de segunda-feira.

Se no jogo do Brasileirão, o técnico quis ter a posse de bola no campo ofensivo, ao maior estilo Jorge Sampaoli, desta vez deixou seu time jogar da forma como melhor costuma render, em transições rápidas e atacando de forma vertical.

O Fluminense teve mais posse de bola. O Galo, as melhores chances. Logo aos 8 minutos, Hulk finalizou para fora após grande roubada e assistência de Zaracho (um verdadeiro motorzinho onipresente em campo). Cinco minutos depois, Nacho abriu o placar, depois de o VAR assegurar que a bola, de fato, ultrapassou a linha do gol.

Quando o jogo parecia controlado, os donos da casa acharam o empate em outra penalidade com VAR (a exemplo do jogo de segunda-feira, e com nova reclamação do banco atleticano - esta sem razão). Fred foi para bola, marcou e alcançou Romário na artilharia geral da Copa do Brasil, com 36 gols.

O jogo ia para o intervalo em igualdade, mas aos 48 do primeiro tempo, um "puro suco" de Atlético modelo 2021. Roubada de bola rápida, tabela milimetricamente perfeita entre Hulk e Nacho, e gol do artilheiro do time - o 19º em pouco mais de cinco meses de temporada.

No segundo tempo, veio o emaranhado de oportunidades criadas a partir de contra-ataques, todas desperdiçadas. Nacho perdeu algumas, Hulk outras, Vargas também teve suas chances.

O Galo não ampliou o placar, e por pouco não deixou o Nilton Santos com um enorme gosto amargo do empate. Fred cabeceou no travessão a grande chance do Tricolor na segunda etapa. No fim, deu Galo.

Voltemos à dupla
Se a crônica do empate de segunda-feira entre Galo e Fluminense falava da importância dos reservas (Sasha e Nathan garantiram o empate), desta vez, nos permitamos falar o óbvio: como é bom ver dois Protagonistas, com "P" maiúsculo mesmo, se entenderem em campo.

Os números são incisivos. O Galo perdeu uma única vez quando Hulk marcou - venceu 15. Com Nacho na rede, o retrospecto é perfeito: sete vitórias em sete partidas. Com ambos inspirados, o Galo é imbatível.

Uma vitória com a cara dos protagonistas do time. A história deste confronto contra o Fluminense, assim como a da temporada, está apenas na metade. Ambas caminham a passos cautelosos, mas largos rumo a um final feliz.

GE 

/convert/0f3713d9a0d817892c10b3091573ce0f/result.html