Discurso de Bolsonaro na ONU domina discussões no Plenário da Câmara

O discurso do presidente Jair Bolsonaro na abertura da assembleia geral da Organização das Nações Unidas, em Nova Iorque, provocou discussão no Plenário da Câmara, com muitas críticas da oposição, que questionou dados apresentados por ele sobre a proteção ao meio ambiente, crescimento econômico e combate à pandemia no Brasil.

Já os deputados aliados ao governo elogiaram o discurso e defenderam as posições de Bolsonaro que, ao falar para uma plateia de representantes de mais de cem países, defendeu o tratamento precoce contra a Covid-19, disse que não há casos de corrupção em seu governo e estimou o crescimento do país em 5% este ano.

Bolsonaro também disse que houve redução do desmatamento na Amazônia em agosto e que, graças às medidas de combate aos efeitos da pandemia, houve aumento do número de empregos formais no país. Ele mencionou, entre as medidas adotadas contra a Covid, o auxílio emergencial, que segundo ele totalizou 800 dólares por família, o que foi contestado por deputados da oposição.

Para o deputado Bohn Gass (PT-RS), muitas das afirmações do presidente não são verdadeiras.

“Bolsonaro mente na ONU. Diz que fortalece órgãos ambientais e esconde que o Ministério Público pediu o afastamento do ministro da área, que promovia destruição ambiental. Diz que a inflação dos alimentos é culpa de quem defendeu o isolamento social na pandemia, mas esconde que no Brasil alta de preços da comida é acompanhada de aumento de combustíveis e da energia, que impacta duas vezes mais as famílias mais pobres. Diz que pagou auxílio de 800 dólares à população, quando na verdade o valor chegou a 120 dólares, porque o Congresso forçou”.

Já o deputado Luiz Lima (PSL-RJ) defendeu o discurso presidencial.

“O presidente Bolsonaro hoje, na ONU, teve um dos seus melhores discursos, citando o combate à corrupção, nenhuma corrupção registrada no atual governo. Sucesso na agricultura, na infraestrutura. Empresas estatais que pararam de enviar recursos para o exterior, onde o povo era o principal financiador desses esquemas de fortalecimento do comunismo em outros países, inclusive na Venezuela, que passa hoje por um momento desumano”.

Para o deputado Coronel Tadeu (PSL-SP), Bolsonaro foi franco e disse verdades para contrapor o que considera distorções com motivações políticas.

“Tentou e defende o tratamento precoce, mas pseudocientistas o condenam por isso. Ele tentou combater o desemprego, mas quem fez lockdown neste país foi governadores e prefeitos. Sobre meio ambiente: qual é o chefe de Estado presente na Assembleia Geral da ONU que bate no peito e diz: eu tenho 84% da minha mata preservada?”

A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) criticou a responsabilização de governadores e prefeitos que, segundo ela, atuaram para minimizar o número de mortes por Covid-19 no país.

“Reafirmou a negação da ciência, reafirmou responsabilidades de governadores e prefeitos, como se estes tivessem responsabilidade sobre as mortes dos brasileiros. E ainda fez a ameaça que a história diria, para o Brasil e para o mundo, que quem negou o tratamento precoce ia responder na história. Inclusive negou obrigação com as vacinas”.

Na assembleia geral da ONU, Jair Bolsonaro também se disse contra o passaporte sanitário adotado em muitos países como maneira de retomar as atividades econômicas de vários setores.

Da Rádio Câmara, de Brasília, Antonio Vital

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